Alan Santos/PR

Bolsonaro nega problemas diplomáticos com a China e diz que política externa está ‘excepcional’

21.01.21 19:58

Pressionado devido ao atraso na entrega de insumos importados da China para a produção nacional de vacinas contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (foto) negou a existência de problemas diplomáticos com o gigante asiático e afirmou que, em um aspecto geral, a política externa está “excepcional“.

O chefe do Planalto falou sobre o assunto na tradicional live de quinta-feira, com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, como convidado. “O governo vai muito bem. Nossa política externa está excepcional. Nunca fui tão bem recebido como nos últimos dois anos em todas as viagens que fiz para o exterior“, alegou.

O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, aguardam a entrega de matéria-prima encomendada da China para a fabricação, em larga escala, da Coronavac e da vacina de Oxford. Sem os insumos, há risco de paralisação do plano nacional de imunização contra a Covid-19.

Bolsonaro minimizou a dependência e argumentou que a relação entre Brasil e China trata-se de uma via de mão dupla, em que os dois países colocam interesses à mesa. Bolsonaro declarou, ainda, ter canal aberto com o líder chinês, Xi Jinping, mas disse não ser “o cara de falar e correr para a imprensa“. “Muita coisa é reservada. Como muita coisa a durante a semana foi tratada de forma reservada“, garantiu.

“O pessoal fala: ‘Ah, o Brasil precisa da China’. A China também precisa da gente. Ou tu acha que a China está comprando soja para jogar fora? Compra porque precisa. Lá está chegando na casa de 1,4 bilhão de habitantes e é uma população que, cada vez mais, se torna urbana. Há três anos, aproximadamente, eles revogaram a lei do filho único. Então, a tendência é haver crescimento populacional na China. E eles precisam de nós. Qualquer país do mundo tem interesse. Não existe amor, pessoal. Não tem amor. Qualquer país do mundo tem interesses: comprar, vender, fazer negócio”, completou.

O presidente ainda refutou a informação de que o gigante asiático pressiona pela demissão de Ernesto Araújo, que protagonizou embates com o embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, e que, na famosa reunião ministerial de 22 de abril, referiu-se à nação como um país “não democrático” e que “não respeita os direitos humanos“.

Quem demite ministro sou eu. Ninguém me procurou nem ousaria procurar no tocante a esse assunto, como nós não faríamos com nenhum país do mundo”, assegurou. Ernesto, então, completou: “Isso não existe entre países soberanos”.

O presidente especulou a motivação por trás da defesa pela destituição do chanceler brasileiro do cargo, proveniente de diversos grupos.

“Querem tirar o Ernesto por que? Quem era o ministro que antecedeu o Ernesto? Aloysio Nunes. Não vou entrar na vida pregressa dele. É dele a lei de migração. Ela não teve votação nominal na Câmara, mas eu e, se não me engano, Marcos Feliciano discursamos contra essa lei. Ela permite que, caso chegue um navio com 10 mil pessoas de qualquer lugar do mundo e aporte no Porto dos Santos, o pessoal desça aqui, e eles se autodeclarando perseguidos, você tem que acolher todo mundo. Inclusive, tendo mais direitos que você, brasileiro”.

Bolsonaro demonstrou a intenção de alterar a legislação. “Vamos mudar isso aí? Vamos. Mas depende de muita coisa. Depende de quem está à frente da Câmara, do Senado, da Mesa Diretora, do convencimento junto a parlamentares”, comentou o presidente, que articula pela eleição de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco ao comando da Câmara e do Senado, respectivamente.

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