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Bolsonaro na ONU: reajuste da hidroxicloroquina, ataques à imprensa e ‘cristofobia’

22.09.20 11:26

O presidente Jair Bolsonaro (foto) discursou nesta terça, 22, no plenário da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em um discurso gravado de menos de 15 minutos, que precisou reiniciar após uma falha técnica, o presidente defendeu a atuação do governo federal durante a crise do coronavírus e das queimadas na Amazônia e no Pantanal. Abaixo, os principais temas abordados no discurso:

Coronavírus
Ao abordar a doença, Bolsonaro começou lamentando as mortes que ocorreram no país.  “Em primeiro lugar, quero lamentar cada morte ocorrida. Desde o princípio, alertei em meu país que tínhamos dois problemas pra resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade”.

O presidente também tentou transferir a responsabilidade do combate à pandemia aos estados. “Por uma decisão judicial todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram relegadas a cada um dos governadores das 27 unidades da federação. Ao presidente coube o envio de recursos e meios a todo o país.”

Bolsonaro disse que seu governo implementou diversas medidas econômicas que evitaram um “mal maior”. Citou o auxílio emergencial, o socorro a pequenas e micro empresas, a ajuda a famílias indígenas e a verba para a vacina da Universidade de Oxford. “Não faltaram nos hospitais os meios para atender aos pacientes de Covid.”

Imprensa
Em seu discurso, Bolsonaro voltou a atacar a imprensa brasileira, a quem acusou de gerar pânico na população. “Parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘fique em casa’ e a ‘economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos ao país”, disse o presidente.

Protecionismo e liberalismo
Em um intervalo de 15 minutos, Bolsonaro defendeu valores contraditórios. Foi protecionista e, depois, liberal. “A pandemia deixa a grande lição de que não podemos depender apenas de umas poucas nações para a produção de insumos e meios essenciais para a nossa sobrevivência. Somente o insumo de produção de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no início da pandemia”, disse o presidente para, logo em seguida, afirmar que em seu governo, “o Brasil finalmente abandona uma tradição protecionista e passa a ter, na abertura comercial, ferramenta indispensável de crescimento e transformação.”

Meio ambiente e agronegócio
O presidente defendeu o agronegócio e a exportação de alimentos, o que, segundo ele, faz do Brasil alvo de críticas. “Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, disse Bolsonaro.

Explicação para as queimadas
O presidente tentou naturalizar os incêndios e insinuou que parte da culpa seria de índios e caboclos. “Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, disse o presidente. Mais adiante, Bolsonaro comparou os incêndios no Brasil com os da Califórnia. “O nosso Pantanal, com área maior que muitos países europeus, assim como a Califórnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição.”

Religião
Numa clara tentativa de agradar setores de seu eleitorado, Bolsonaro alertou para a perseguição aos cristãos no mundo, o que chamou de “cristofobia”. “Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia”, disse o presidente. “O Brasil é um país cristão e conservador, e tem na família sua base.”

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