Adriano Machado/Crusoé

Bolsonaro ignora recado de Fux e volta a atacar ministros que integram TSE

02.08.21 17:15

Jair Bolsonaro (foto) ignorou o recado público do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e voltou a atacar ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Repetindo uma teoria conspiratória, o chefe do Planalto sugeriu que os magistrados resistem à adoção do mecanismo adicional de voto impresso para favorecer Luiz Inácio Lula da Silva, que deve concorrer à Presidência em 2022.

O presidente da República, mais uma vez, levantou suspeitas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, mesmo sem provas de fraudes nas eleições, e, sem especificar a quem se referia, declarou que “querem chegar ao poder usando as armas da democracia para açoitá-la“.

“‘Tem gente que fala ‘ah, [a urna eletrônica] é confiável, é impenetrável’. Queremos uma farsa no ano que vem ou uma eleição marcada por suspeição? ‘Ah, quem perder entra na Justiça’. Quem vai analisar o recurso em última instância? Exatamente os que tiraram o cara da cadeia, exatamente os que o tornaram elegível, exatamente os que contaram os votos. Vou recorrer para eles?”, emendou.

Bolsonaro discursou durante a solenidade de assinatura do acordo de cooperação técnica “Água nas Escolas“, minutos depois de Luiz Fux afirmar que “a harmonia e a independência dos poderes não implicam em impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições“.

O chefe do Planalto declarou que o país corre o risco de se igualar à Venezuela.  “Nós temos que ter eleições limpas, eleições democráticas, que possam ser auditadas. Alguém tem dúvida que outros países têm interesse no Brasil? Nessa grande fazenda? Como alguns governadores se comportam ao tratar de outro poderoso país como vassalos, como capachos. Se um desses ocupar o Planalto central um dia, o que faz no seu estado, vai fazer no Brasil. Todos vocês, todos nós vamos pagar essa conta“, disparou Bolsonaro.

“‘Ah, tem que ter cautela, cuidado com as palavras’. O inimigo está aí, o risco está aí. Ninguém quer que nossas esposas, noras, filhas passem a situação que as mulheres da Venezuela atravessam“, declarou, apostando que a Argentina, comandada pelo esquerdista Alberto Fernández, segue pelo mesmo caminho.

O presidente alegou que “se nós não abrirmos os olhos, a bola da vez, brevemente, seremos nós”. “Porque um não quer eleições democráticas, voto democrático, nós temos que abaixar a cabeça? Estão com medo de quê? Qual o poder do presidente do TSE para entrar no parlamento e, rapidamente, fazer a cabeça de várias lideranças partidárias? Para trocar integrante de comissão, para não ter o voto impresso“, indagou.

Bolsonaro encerrou o pronunciamento dizendo que “nada está tão ruim que não possa piorar“. “Se nós nos calarmos, nos curvarmos ao politicamente correto e acharmos que as velhas práticas podem voltar para atender os mesmos que querem a volta da corrupção e da impunidade, nós todos sucumbiremos”.

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