Alan Santos/PR

Bolsonaro fica de fora dos contatos iniciais de Biden com presidentes latinos

16.01.21 14:01

A equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, adiou o primeiro contato com Jair Bolsonaro, após uma tentativa de aproximação do Planalto com o futuro ocupante da Casa Branca, no final do ano passado. Biden priorizou outros mandatários da América do Sul: já teve conversas com Alberto Fernández, da Argentina, e Sebastián Piñera, do Chile.

O gabinete de transição foi procurado por diversos governos da América Latina e, diante da enxurrada de pedidos, escolheu quem seriam os primeiros da fila. O Brasil acabou ficando de fora dos contatos iniciais. Além de Piñera e Fernández, os presidentes de Costa Rica e México também já falaram com Biden.

Juan Gonzalez, escolhido pelo democrata para o posto de diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, admitiu a interlocutores que antevê obstáculos na relação do novo governo com o presidente brasileiro.

Durante a campanha eleitoral, Gonzalez adiantou que o relacionamento com o Brasil levaria em conta temas como direitos humanos e meio ambiente, nos quais a reputação internacional do Brasil vive uma baixa histórica.

Em entrevista ao canal SBT, em dezembro, Ernesto Araújo minimizou a importância de um contato entre Bolsonaro e Biden. “Ainda não tomou posse. Qualquer contato com uma equipe de transição sempre é mais ou menos precário. O que conta mesmo é a partir da tomada de posse”, disse.

Outro fator complicador é a estreita relação de Bolsonaro com a extrema-direita mundo afora. Com o próprio Biden, o mandatário brasileiro tratou de comprar uma confusão de maneira pré-datada: ele chegou a fazer coro aos argumentos de Donald Trump contra a lisura da eleição presidencial americana, por exemplo. O recado entendido por lideranças do Partido Democrata foi o de que o trumpismo derrotado nos Estados Unidos ainda pulsa no governo do Brasil.

Outro presidente da região com quem Biden também não conversou até o momento é o presidente da Colômbia, Iván Duque. Apesar de ter sido um dos aliados preferenciais do governo Trump na América Latina, à diferença do colega brasileiro ele reconheceu rapidamente a vitória do democrata, ainda em novembro do ano passado, só que setores da direita colombiana próximos ao governo apoiaram publicamente a reeleição de Trump e isso incomodou assessores de Biden.

Em nota a Crusoé, o Planalto confirmou que não houve contato entre Bolsonaro e Biden, mas disse que as tratativas iniciais para que a conversa ocorra cabem ao Ministério das Relações Exteriores. Também procurado, o Itamaraty não comentou o assunto.

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