Isac Nóbrega/PR

Bolsonaro diz que não vai tomar vacina e critica restrições a quem não for imunizado

26.11.20 20:41

O presidente Jair Bolsonaro (foto) afirmou nesta quinta-feira, 26, que não vai tomar a vacina contra o novo coronavírus e criticou a imposição de restrições aos cidadãos que optarem por fazer o mesmo.

O chefe do Planalto falou sobre o assunto durante a tradicional live semanal. Ele entrou no tema ao reclamar da derrubada de seu veto à obrigação da Anvisa em analisar em até 72 horas medicamentos e vacinas que já tenham sido aprovados em outros países. 

Ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e do secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, Carlos Nadalim, Bolsonaro usou informações falsas para defender que a vacina não seja compulsória.

“Eu digo para vocês: eu não vou tomar. É um direito meu. E tenho certeza que o parlamento não vai criar dificuldades para quem, porventura, não tomar vacina. Quem não tomar vacina, se ela for eficaz, duradoura e confiável, estará fazendo mal para si mesmo. E quem tomar a vacina não vai ser infectado. Então não tem que preocupar. Se 200 caras que trabalham comigo não tomaram e eu tomei, estou safo”, disse.

Especialistas, entretanto, ressaltam que as pessoas que escolhem não ser imunizadas podem, sim, transmitir doenças a algumas que tomaram a vacina, já que mesmo as mais eficazes não protegem todos que a receberam.

Bolsonaro ainda declarou que impor restrições àqueles que decidirem ficar expostos ao vírus “é coisa de ditadura”. “Obrigar o cidadão a tomar vacina ou [decretar que] quem não tomar não vai poder tirar passaporte, abrir conta no Banco do Brasil, fazer concurso público, viajar de avião… Isso é uma ditadura, pô. E quem defende isso é ditador. Ou é falso ditador que está afim de fazer negócio com a vida dos outros”, avaliou.

O presidente também voltou a atacar João Doria, sem citá-lo nominalmente. O tucano está nos holofotes porque o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, desenvolve a Coronavac em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Mais cedo, em entrevista ao portal Metrópoles, Doria afirmou que o imunizante poderia ser aplicado no Brasil mesmo que não obtenha registro da Anvisa, desde que receba o aval de agências reguladoras de outros países. Depois, o governador de São Paulo se manifestou por meio de sua conta no Twitter e afirmou que “há confusão em relação à declaração sobre a validação da Coronavac junto à Anvisa”. “Existe diferença entre validar uma vacina fora do país e autorizar sua aplicação em território nacional”, disse.

“Nós temos aí uma… Não digo uma guerra, mas alguns impasses sobre vacina. A Anvisa é independente. Não adianta um governadorzinho aí que nós sabemos quem é ficar criticando a Anvisa, porque a Anvisa é independente. Quem conhece a Anvisa hoje em dia tira o chapéu, levando-se em conta alguns dos integrantes que ocuparam a Anvisa. Era uma coisa terrível. Não quero acusar todos os integrantes da Anvisa, mas alguns estavam lá por outros interesses”, disparou Bolsonaro.

“Há uma preocupação de todo mundo sobre quais interesses de outros podem estar envolvidos nessa questão da vacina. É muito interesse de um governador aí em querer salvar vidas. Muito interesse dele. Fico até preocupado. Acho que ele, se morrer hoje, vai para o céu, porque é um santo esse cara, de tão preocupado em salvar vidas. É o santo da calça apertada”, completou.

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