Raul Spinassé/Folhapress

Bolsonaro diz que Barroso ‘joga fora’ da Constituição e instiga militância a dar ‘último recado’

03.08.21 09:39

A reação do Tribunal Superior Eleitoral aos ataques infundados de Jair Bolsonaro (foto) às urnas eletrônicas não foi suficiente para conter o ímpeto do presidente da República. Em conversa com sua claque, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o ministro Luis Roberto Barroso “joga fora” da Constituição e instigou a militância a ir às ruas mais uma vez em nome da adoção de um mecanismo adicional de voto impresso.

O presidente assegurou que, caso os apoiadores assim o façam, ele marcará presença no local. “Se o povo estiver comigo, faremos com que a vontade popular seja cumprida. Até porque, senhor ministro Barroso, a própria Constituição Federal diz que todo o poder emana do povo. Eu li a Constituição, interpretei e respeito. Eu jogo dentro das quatro linhas da Constituição. O Barroso, tenho certeza, joga fora“, emendou.

A fala ocorre um dia depois de o TSE pedir ao STF a inclusão de Bolsonaro na lista de investigados do inquérito em trâmite na corte que mira a difusão de fake news e ataques a ministros. O caso será apurado, ainda, em um inquérito administrativo, aberto no próprio tribunal.

Se o ministro Barroso continuar sendo insensível como parece que está sendo insensível, quer um processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque eu devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na Paulista para darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia… Repito, o último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o povo, passem a entender que o Brasil tem 8,5 milhões de milhões de quilômetros quadrados e não apenas um pedacinho dentro do DF, eu estarei lá”, disse. 

Ciente de que a PEC do voto impresso tende a ser derrotada na comissão especial instalada na Câmara e nem sequer chegar ao plenário, o presidente disse que a palavra de Barroso, que atestou reiteradas vezes a confiabilidade das urnas, “não vale absolutamente nada” e declarou não admitirá “eleições duvidosas” em 2022.

Por que, senhor Barroso, essa vontade enorme de dizer que você está certo? Você vale mais que milhões de pessoas que se manifestam por um sistema eleitoral limpo, democrático? Por que ele quer que essa sombra de dúvidas permaneça entre nós? O que ele teme? Está a serviço de quem?“, disparou.

Alvo de críticas de integrantes do Supremo e do TSE pela propagação de teorias conspiratórias, Bolsonaro fez questão de dizer que não comprou uma briga com as instituições, mas somente com Barroso. O presidente acrescentou que não aceitará “intimidações e adiantou que seguirá exercendo “o direito de liberdade de expressão

O ministro Barroso presta um desserviço à nação brasileira. Cooptando gente de dentro do Supremo, querendo trazer para si, ou de dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo. Não é contra o TSE nem contra o Supremo. É contra um ministro do Supremo, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, querendo impor a sua vontade”.

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