Adriano Machado Crusoé

Bolsonaro decide receber evangélicos em almoço amanhã e bancada suaviza discurso sobre veto

15.09.20 20:29

Antes convicta a derrubar o veto de Jair Bolsonaro (foto) ao perdão a dívidas de igrejas, a bancada evangélica deu um passo atrás e informou que vai bater o martelo sobre o assunto somente na próxima quarta-feira, 23.

O grupo havia se irritado com a canetada que barrou a anistia de multas recebidas pelos templos devido à falta de pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o CSLL, e a isenção do tributo para as instituições religiosas. 

O recuo ocorre após o presidente da República convidar os integrantes do grupo para um almoço no Palácio do Planalto, previsto para esta quarta-feira, 16. “Ouvir e dialogar é sempre a melhor estratégia”, disse o presidente da frente parlamentar evangélica, Silas Câmara, a Crusoé.

No Amazonas para acompanhar as convenções partidárias, Silas não participará do encontro. Ainda assim, avaliou como positiva a sinalização de Bolsonaro. “Estamos sempre com o presidente. Encarei como mais uma oportunidade de diálogo sobre os desafios do Brasil e também sobre essa questão do veto”, completou.

Sem Silas, desta vez, o grupo deve ser liderado pelo primeiro vice-presidente da frente, o deputado Cezinha de Madureira. Vice-líder do governo no Congresso, Marco Feliciano também estará em Brasília e deve participar do almoço.

Em nota, a Frente Parlamentar Evangélica reforçou o novo posicionamento. De acordo com o texto, após conhecer os argumentos técnicos e jurídicos apresentados pelo governo no veto, o grupo decidiu, em reunião realizada nesta tarde, “dedicar mais tempo a análise das consequências envolvidas no tema”.

“[Vamos nos] aprofundar no exame da matéria, inclusive recorrendo ao apoio de juristas e outras autoridades que possam contribuir para um posicionamento mais abalizado quanto às medidas a serem adotadas pelos parlamentares da bancada em defesa dos direitos constitucionais das entidades religiosas”, completou a nota.

As falas contrastam com a posição da bancada na última segunda-feira, 14. Em conversas com Crusoé, nomes como Sóstenes Cavalcante, escalado para falar sobre o assunto, fizeram duras críticas ao chefe do Planalto. “Para nós, a postura dele foi como a de Pilatos: lavou as mãos”, disparou.

Na segunda-feira, ao justificar o veto, Bolsonaro afirmou que o fez para evitar “um quase certo processo de impeachment”. Em um jogo duplo, no entanto, estimulou o Congresso a anular seu ato. “Confesso, caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo”.

Na sequência, o presidente afirmou que o governo trabalha em uma proposta de Emenda à Constituição para “estabelecer o alcance adequado para a a imunidade das igrejas nas questões tributárias”.

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