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Bolívia inicia construção de reator de pesquisa nuclear de utilidade duvidosa

28.07.21 09:02

Com oferendas a Pachamama (foto), o governo da Bolívia iniciou nesta segunda, 26, a construção de um reator de pesquisa nuclear na cidade de El Alto, que é vizinha a La Paz, tem quase 1 milhão de habitantes e fica a 4 mil metros de altitude.

Segundo o presidente Luis Arce (na foto, de camisa azul), o objetivo é fazer pesquisa para fins pacíficos.

Com o apoio da Rússia, país parceiro e nosso amigo, superaremos a lacuna tecnológica e desenvolveremos, com profissionais bolivianos, tecnologias nucleares para a medicina oncológica e também para melhorar a produção e industrialização de alimentos“, escreveu o presidente no Twitter nesta segunda, 26.

Mas justificar o gasto de 300 milhões de dólares não é tão fácil. “Até agora as autoridades bolivianas não deram um critério razoável para explicar o sentido desse projeto“, diz o engenheiro boliviano Carlos Chalup, especialista em energia. “Do ponto de vista médico é um absurdo. Há uma clínica oncológica moderna em Santa Cruz de La Sierra onde os bolivianos estão sendo atendidos. Ninguém precisa fabricar um aparelho para fazer exames na Bolívia“, diz Chalup.

Outro problema, segundo ele, é a má gestão. “Somos um país que mal consegue coletar o lixo comum, imagine como será com resíduos especiais“, diz Chalup. “Se ocorresse qualquer contaminação dos rios que saem das montanhas, isso se espalharia por todo o país.”

O município de El Alto é um tradicional curral eleitoral do Movimento ao Socialismo, criado pelo ex-presidente Evo Morales. A maior parte das ruas não tem asfalto, esgoto, eletricidade ou coleta de lixo.

Em todo o país, aproximadamente 43% dos lares não contam com coleta de lixo. Em geral, esse material é queimado, jogado na rua, em terrenos baldios ou em algum rio.

Este projeto de reator de pesquisa nuclear é pretensão demais para um país como a Bolívia. O mais provável é que não tenha uso algum, assim como o satélite Túpac Katari, que foi lançado em órbita e ninguém sabe qual sua finalidade“, diz Chalup.

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