Pedro Ladeira/Folhapress

Barroso cita ameaça às eleições e difusão de informações falsas como ‘condutas antidemocráticas’

02.08.21 20:40

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso (foto), valeu-se da sessão de abertura do semestre para dar sua mais dura resposta ao Planalto desde o início dos ataques de Jair Bolsonaro à corte. O ministro declarou na noite desta segunda-feira, 2, que são condutas antidemocráticas tanto a ameaça à realização das eleições quanto a conspurcação do debate público “com desinformação, mentiras, ódio e teorias conspiratórias“.

Barroso manifestou-se horas após Bolsonaro sugerir, mais uma vez, que ele e outros ministros adotam postura contrária à implementação do mecanismo adicional do voto impresso para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais cedo, o magistrado e todos os ex-presidentes do TSE reiteram a confiabilidade das urnas eletrônicas.

Há coisas erradas acontecendo no país e nós todos precisamos estar atentos, precisamos das instituições e precisamos da sociedade civil, ambas bem alertas. Nós já superamos os ciclos do atraso institucional, mas há retardatários que gostariam de voltar ao passado”, afirmou. “Uma das manifestações do autoritarismo no mundo contemporâneo é precisamente o ataque às instituições, inclusive às eleitorais que garantem um processo legítimo de condução aos mais elevados cargos da República“, prosseguiu.

Sem citar o nome do presidente da República, Barroso disse que “quem prometeu apresentar provas de fraude [nas eleições] não as apresentou porque elas não existem. O presidente do TSE lembrou que a equipe técnica produziu notas com esclarecimentos sobre fake news e reproduziu materiais de agências de checagem para que o Brasil não se convertesse no “país da mentira oficial“.

Tivemos que continuar desmentindo sucessivas fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro. Tudo requentado, amadorístico, sem novidades. Isso já começa a ficar cansativo, mas não podemos esmorecer”, comentouProduzimos respostas com fatos, provas, conhecimento e ciência, sem adjetivos ou bravatas. A verdade só liberta aos que querem se libertar. Aos que preferem se acorrentar à crença de que uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade, só podemos esperar que venham a ser iluminados algum dia pelo bem. Até lá, serão perenemente prisioneiros do mal“, emendou.

Barroso rememorou o caso dos Estados Unidos para exemplificar o risco da adoção de teorias conspiratórias e do ataque às instituições. No país norte-americano, a invasão do Capitólio tornou-se uma marco. Assim, e para que ninguém se iluda, nos Estados Unidos há voto impresso ou em cédula. Voto impresso não é contenção adequada para o golpismo“.

Quanto aos ataques pessoais, Barroso alegou tê-los tratado com a “indiferença possível“. “Escolhi para a minha vida ser um agente do processo civilizatório e empurrar a história na direção certa. Se eu parar para bater boca, eu me igualo a tudo o que quero transformar. Eu vivo para o bem e para fazer um país melhor e maior. Ódio, mentira, agressividade, grosseria, ameaças e insultos são derrotas do espírito“.

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