Ministério do Meio Ambiente

As multas da BMW não declarada por Ricardo Salles

15.09.19 08:31

Se há um tipo de fiscalização com o qual o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (foto), definitivamente não se importa, ele está no asfalto — e não na floresta.

Salles é dono de uma BMW 320i preta que acumula 3.171,97 reais em multas de trânsito em São Paulo. O veículo foi comprado zero quilômetro em dezembro de 2016, em nome do escritório de advocacia que o ministro tem em sociedade com a mãe.

Nem o escritório nem a BMW foram informados por Salles na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral no ano passado, quando ele tentou, sem sucesso, se eleger deputado federal pelo Partido Novo.

Na ocasião, ele declarou um patrimônio de 8,8 milhões de reais, divididos em dois apartamentos de 3 milhões de reais cada, além de 2,3 milhões de reais em aplicações financeiras e um barco de 500 mil reais. O valor representa um aumento real de 335% em relação ao patrimônio de 1,4 milhão de reais declarado em 2012, quando Salles tentou, também sem sucesso, se eleger vereador de São Paulo pelo PSDB.

A evolução patrimonial do ministro levou o Ministério Público de São Paulo a abrir um inquérito civil para investigar suspeita de enriquecimento ilícito de Salles. No período sob investigação, ele intercalou a atividade de advogado com dois cargos públicos no governo paulista, na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB. Salles argumenta que enriqueceu atuando na advocacia no setor privado e seu patrimônio aumentou com a valorização de um duplex que comprou e reformou.

Detran/SP

Hoje, a BMW de Salles vale cerca de 100 mil reais. Quando o carro foi adquirido pela Carvalho de Aquino e Salles Advogados, o atual ministro do governo Jair Bolsonaro, do PSL, era secretário do Meio Ambiente do governo Alckmin.

Registros do Detran de São Paulo mostram 14 infrações de trânsito vinculadas à BMW entre janeiro de 2018 e abril deste ano. Metade por excesso de velocidade e metade por não identificar o condutor do veículo no ato da infração, prática que impede a punição com pontos na carteira de habilitação, uma vez que o carro está registrado no nome da empresa.

A multa mais cara, no valor de 912 reais, foi aplicada no dia 9 de dezembro de 2018, um domingo, quando a BMW foi flagrada por radar trafegando a uma velocidade superior a 50% do limite máximo estabelecido para a estrada, em Itu.

Além da BMW, o escritório de advocacia de Salles também possui registrada em seu nome uma moto Triumph Tiger Explorer cinza, adquirida em 2015. Com valor de mercado de aproximadamente 40 mil reais, a moto também tem dívidas de multas de trânsito. No caso, de 204,13 reais.

Procurado para se pronunciar sobre as multas e o motivo de a BMW não ter sido declarada à Justiça Eleitoral, o ministro não respondeu a Crusoé.

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