Adriano Machado/Crusoé

Após alarde, Bolsonaro admite não ter provas de supostas fraudes nas eleições

29.07.21 20:52

O presidente Jair Bolsonaro (foto) admitiu nesta quinta-feira, 29, não ter como atestar a ocorrência de fraudes nas eleições. O chefe do Planalto havia prometido mostrar provas de irregularidades durante a tradicional live semanal, mas, ao longo de 2 horas, limitou-se a transmitir teorias conspiratórias que circulam há anos na internet e vídeos disponíveis no YouTube.

Os materiais do acervo utilizado por Bolsonaro já foram desmentidos em ocasiões anteriores por projetos de checagem de fatos e pelo Tribunal Superior Eleitoral, TSE.

Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Crime se desvenda como vários indícios”, disse Bolsonaro. “Ah, não tem prova de fraude. Também não tem que não há”, completou.

Em meio à live, Bolsonaro transpareceu o receio com o resultado das urnas em 2022. “Como eu posso ser recebido em qualquer lugar do Brasil, como serei, se Deus quiser, em Presidente Prudente no próximo sábado e o outro cara não consegue ir em um bar sem ser vaiado. Esse é o candidato que tem voto? A imprensa, em grande parte, produz fake news, a pesquisa diz que eu estou mal para justificar a manipulação de votos na ponta da urna. Isso é uma certeza? Não é uma certeza. É um indício fortíssimo“, esbravejou.

O presidente iniciou a transmissão ao vivo com um discurso de 40 minutos, no qual distribuiu ataques — Bolsonaro fez menção ao PSDB, ao PT e ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, por exemplo. No entanto, as investidas centraram-se, principalmente, no presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.

Na sequência, Bolsonaro deu a palavra a um homem que identificou apenas como Eduardo e que, segundo disse, é analista de inteligência. Foi ele quem fez a passagem dos vídeos apresentados. O primeiro deles transmitiu a narração da mensagem de que é possível fraudar o código fonte para computar o voto de um candidato para o outro.

Minutos depois, o TSE publicou nas redes uma checagem do Projeto Comprova, do qual Crusoé faz parte. O material mostra que, de acordo com a própria corte e um especialista ouvido pela reportagem, o programa que é utilizado na gravação como simulador da urna eletrônica é muito mais simples que o equipamento em si, que conta com inúmeros dispositivos de segurança que impedem que ela funcione com um arquivo modificado.

Em outro exemplo, Bolsonaro resgatou um vídeo feito por uma emissora de televisão que mostra que dois técnicos contratados por uma coligação política afirmam terem encontrado indícios de fraude nas urnas eletrônicas durante eleições municipais realizadas em Caxias, no Maranhão, em 2008.

Em tempo real, o TSE esclareceu, em seu site oficial e nas redes, que, a pedido da Justiça Eleitoral, a PF periciou as urnas eletrônicas utilizadas no pleito e concluiu que não foram identificados sinais de violação física dos lacres que envolvem os aparelhos.

No documento, a PF descartou as hipóteses de instalação de softwares fraudulentos e de adulteração dos programas autenticados pelo TSE. Também não foram encontrados arquivos contaminados por vírus nas urnas eletrônicas examinadas pela instituição“, explicou, em nota.

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