Ao explicar currículo, Kassio Marques não fala sobre plágio em seus trabalhos

Em sua fala inicial de trinta minutos, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde passa por sabatina nesta quarta-feira, 21, o desembargador Kassio Marques – indicado por Jair Bolsonaro para o STF – não abordou o plágio cometido em sua dissertação de mestrado, revelado por Crusoé há duas semanas. Além do mestrado, há indícios de que Marques também plagiou artigos do advogado Saul Tourinho Leal e, ainda, em sua tese de doutorado, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

O magistrado – que chegou à CCJ ciceroneado pelo líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes, e pela presidente da CCJ, Simone Tebet – se limitou a “esclarecer a cronologia” de sua “evolução curricular”. Ele atribuiu as dúvidas sobre seu currículo à “incompreensão de regras educacionais europeias”, referindo-se, então, aos seus cursos de pós-doutorado e pós-graduação na Europa. 

“Em 2016, iniciei o doutorado em Direito na universidade pública de Salamanca. No ano de 2017, na condição de doutorando em direito, em conformidade com as regras espanholas, iniciei o pós-doutorado, também na Universidade de Salamanca. Submeti-me às aulas presenciais em julho de 2017 na Universidade de Salamanca. Após um ano de pesquisa, defendi a tese, presencialmente. Como nesta data ainda não havia concluído o doutorado, a expedição do certificado foi diferida”, disse. O desembargador afirmou, ainda, que o mesmo ocorreu com relação ao seu “pós-doutorado” na Universidade de Messina. A instituição declarou que o curso, na verdade, se tratou de um “ciclo de palestras”.

Após a fala de Kassio Marques, 29 senadores já estavam inscritos para fazer perguntas. Alguns parlamentares presentes no plenário da Comissão de Constituição e Justiça não ficaram satisfeitos com as explicações dadas pelo desembargador sobre as dúvidas suscitadas sobre seu currículo. A omissão sobre o plágio será trazida pelos parlamentares em suas inquirições.