STF

Análise: Supremo esfria ‘escândalo’ das mensagens

25.06.19 21:11

As supostas mensagens trocadas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol e divulgadas pelo site The Intercept propiciaram um ambiente favorável à soltura do ex-presidente Lula como nunca houvera no Supremo Tribunal Federal desde que ele foi preso, em 6 de abril de 2018. Contando com um aliado outrora inimaginável, ministro Gilmar Mendes (foto), a estratégia dos defensores do petista na tarde desta terça-feira era utilizar os vazamentos para reforçar a acusação de suspeição de Moro quando condenou Lula à prisão.

Gilmar propôs, logo no início da sessão da Segunda Turma, onde o caso era analisado, o que fora prontamente celebrado pelos petistas presentes como algo que dificilmente não seria negado: a concessão de uma liminar para dar liberdade provisória ao ex-presidente sem o julgamento definitivo do mérito. Tamanho era o otimismo que, no intervalo, o ambiente entre petistas e advogados era quase de confraternização. “Vamos conseguir contra tudo e contra todos”, disse José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff, ao ex-senador Jorge Viana.

Mas a perspectiva otimista acabaria revertida nas horas seguintes. Mais especificamente, quando o decano Celso de Mello, dono do esperado voto de desempate pela manutenção da prisão ou pela concessão da liberdade,  disse que “condutas abusivas não implicam parcialidade” e que não via elementos para conceder a liminar.

Ao fim e ao cabo, a estratégia de Gilmar Mendes só fora referendada por Ricardo Lewandowski. Acabou  rejeitada por Edson Fachin, Cármen Lúcia e por Celso de Mello. Se a liberdade de Lula poderia ser o maior efeito prático do vazamento das mensagens de Moro e Deltan, o resultado desta terça-feira no STF tende a esfriar um caso que, à exceção dos conhecidos opositores da Lava Jato, o universo político em Brasília hesita em levar adiante.

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