Agência SenadoChico Rodrigues, o senador do dinheiro nas nádegas: colegas atuaram para controlar a crise

Alcolumbre, Cid e Kajuru: os processos que o Conselho de Ética analisará antes do caso Chico Rodrigues

18.10.20 08:02

Apesar de escandaloso, o caso do senador Chico Rodrigues (foto), flagrado com dinheiro entre as nádegas pela Polícia Federal, como revelou Crusoé, não deve passar tão cedo pelo crivo do Conselho de Ética do Senado. Presidente do colegiado e correligionário do parlamentar, Jayme Campos acredita que, quando os trabalhos do grupo forem retomados, o debate tem de respeitar a ordem cronológica das representações.

Pelo entendimento, antes do processo contra Chico, outros dez serão analisados. Todos estão paralisados desde março, quando Davi Alcolumbre suspendeu o funcionamento de comissões devido à pandemia do novo coronavírus. 

Do total, seis representações têm Jorge Kajuru, do Cidadania, como alvo, e acusam o parlamentar de ferir a honra de congressistas e, até mesmo, do governador de São Paulo, João Doria. A mais antiga foi apresentada pelo senador Vanderlan Cardoso, do PSD, em maio de 2019. O parlamentar moveu o processo depois de, naquele mês, Kajuru o acusar de desfrutar de benesses do Senado, como carro oficial, apartamento funcional com diversos funcionários e passaporte diplomático para a esposa, durante uma transmissão ao vivo.

Na peça, a defesa de Vanderlan afirma que, para pintá-lo como um “mau gestor público”, Kajuru recorreu a “argumentos inverídicos, abusando, assim, do uso de suas prerrogativas”. “O requerente [Vanderlan Cardoso] utiliza o carro pessoal para se locomover e não possui seis funcionários. A única funcionária que trabalha em sua residência é paga com receita particular”, escreve.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também figura entre os alvos do Conselho. O ex-candidato a distrital pelo PSol e, hoje, bolsonarista, Wilson Issao Koressawa, pediu a cassação do parlamentar em março deste ano. Ele diz que Alcolumbre cometeu os crimes de extravio de documentos públicos, prevaricação e improbidade administrativa ao deixar de analisar pedidos de impeachment de ministros do STF e ao avalizar a “indevida” tramitação de diversas medidas provisórias.

Fecha a lista a representação de Arthur Lira, principal expoente do Centrão, contra Cid Gomes, do PDT. A representação baseia-se no episódio em que o pedetista equiparou o parlamentar do Progressistas ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso na Lava Jato. “Eduardo Cunha original está preso, mas está solto o líder do PP, que se chama Arthur Lira, que é um achacador, uma pessoa que, no seu dia a dia, a sua prática é toda voltada para a chantagem”, disparou Cid. 

Lira argumentou que “o uso de expressões que configuram crime contra a honra ou que incentivam sua prática é um nítido exemplo de abuso de prerrogativa e deve ser severamente punido pelo Conselho de Ética para que a ordem seja restabelecida”.

Nenhum dos casos tem gravidade similar ao de Chico Rodrigues. A denúncia  contra ele foi apresentada ao Conselho de Ética na sexta-feira, 16, dois dias após o senador ter a casa vasculhada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Desvid-19, que mira desvios de 20 milhões de reais em emendas parlamentares destinadas ao combate à pandemia do novo coronavírus. Em sua cueca, foram encontrados 33,1 mil reais. Agora, Jayme pedirá um parecer da Advocacia do Senado para definir se o processo é aceito ou não. Apenas depois, começa a tramitação usual, com a definição do relator, deliberação no colegiado e envio do caso ao plenário. 

O movimento indicado por Jayme vai na contramão do adotado pela Câmara. Apesar de uma extensa lista de representações paralisadas, os deputados decidiram colocar no topo das prioridades o processo contra Flordelis, acusada de ser a mandante do assassinato do então marido, o pastor Anderson do Carmo.

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