Agentes federais em Portland ajudam Trump?

27.07.20 16:50

Quase sessenta dias após o início dos protestos em Portland pela morte de George Floyd, maior cidade do estado de Oregon, no noroeste dos Estados Unidos, o conflito transformou-se em exemplo do discurso político de “lei e ordem” do presidente Donald Trump. O republicano tenta reforçar questões culturais que o levaram à vitória em 2016, e que ajudaram Richard Nixon a ser eleito em 1968, como estratégia para subir nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de novembro. Mas o país é muito diferente de 1968, e seu oponente não é Hillary Clinton. “Joe Biden parece não querer morder a isca e adotar o manto radical da esquerda, ao qual Trump quer desesperadamente se opor”, diz o cientista político Ben Gaskins, da Universidade Lewis & Clark, em Portland.

Bastião democrata de população majoritariamente branca e com tradição de protesto, Portland é palco de confrontos diários entre manifestantes e agentes federais de instituições como Alfândega e Proteção de Fronteiras, Imigração e Execução Aduaneira, Administração de Segurança de Transporte e Guarda Costeira. Nada que realmente ajude a controlar os raivosos manifestantes, que têm angariado apoio dos mais diversos grupos: mães, pais, veteranos. A entrada em ação dos agentes federais mobilizou grupos mais heterogêneos em um momento que os protestos perdiam a força, e Portland tornou-se um campo de batalha política. “As pessoas sentem que precisam proteger a cidade da repressão ordenada por Trump, que consideram inconstitucional e repressiva da qual ele quer fazer um exemplo para o país”, diz Gaskins.

Ao lançar mão forte contra os manifestantes de Portland, Trump tenta apelar para sua base eleitoral e retratar cidades e o partido Democrata como perigosos, fora da lei e violentos. Porém, a maioria dos americanos é contrária ao envio de agentes federais para os estados, e tal política acirra mais as tensões, em vez de aliviá-las. Além disso, retratar um país fora do controle enquanto Trump é o presidente de turno não deve ser tão eficaz quanto se estivesse desafiando o status quo.

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