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A origem política do maior incêndio florestal da história da Bolívia

21.08.19 12:40

No Brasil, autorizações para queimadas controladas não podem ser dadas durante períodos de seca, como o atual. Na Bolívia, essa precaução não existe.

“Aqui, as permissões são concedidas ao longo de todo o ano e não há um órgão que possa avaliar os pedidos usando critérios técnicos e científicos”, diz o boliviano Miguel Crespo, diretor da Probioma, uma instituição privada focada em desenvolvimento sustentável na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. “Muitas das autorizações são entregues para pequenos agricultores que apoiam o governo de Evo Morales. Outras são para a expansão do agronegócio.”

Uma lei de 2015 autorizou a destruição de até 20 hectares para a produção agrícola. No início de julho, o presidente Evo Morales promulgou um decreto em que permitiu as queimadas controladas. Atualmente, a Bolívia está registrado o maior desastre ambiental de sua história, com cerca de 500 mil hectares consumidos pelo fogo (foto).

Outro problema no país vizinho é que as multas para quem queima a floresta sem autorização são muito baixas, entre 10 dólares e 60 dólares por hectare. “Há uma certa intencionalidade em tudo isso, porque o governo quer ampliar a área agrícola e agropecuária até 2025, de 3 milhões de hectares para 10 milhões de hectares”, diz Crespo.

Segundo a empresa de previsão meteorológica Metsul, em Porto Alegre, o incêndio em Roboré, no leste da Bolívia, contribuiu significativamente para o corredor de fumaça que alcançou o norte do Paraná e o estado de São Paulo nessa segunda-feira, 19.

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