A nova aposta de Bolsonaro: faturar com a ‘despetização’ de livros didáticos

Sem apoio no Congresso para aprovar projetos da chamada pauta de costumes, o presidente Jair Bolsonaro tem buscado alternativas para atender sua base ideológica. Orientado pelo Palácio do Planalto, o Ministério da Educação vai tentar capitalizar com o que o presidente chama de “despetização” do livro didático.

É que, segundo o governo, 2022 será o primeiro ano em que os livros didáticos chegarão aos colégios totalmente “livres da ideologia de gênero” e da “influência da esquerda”. Como muitos livros já estavam encomendados, o conteúdo do material disponibilizado nos últimos dois anos ainda não passava totalmente pelo crivo do atual governo.

Em sua live de quinta-feira, 16, Bolsonaro deu a senha: “Você pai, você mãe, (agora) pode abrir o livro do seu filho e não vai encontrar mais figurinhas esquisitas. A gente vai melhorando. A molecada costuma ir para a escola para aprender e não ser doutrinada”.

Todo ano, o Ministério da Educação realiza a aquisição e a distribuição de livros didáticos para cerca de 30 milhões de estudantes de todo o país. O próprio ministro da Educação, Milton Ribeiro, já havia declarado, em julho, que não admitiria “questões de gênero” em livros para crianças. “Não vou permitir que em livros didáticos a gente possa levar questões de gênero para crianças de 6 anos de idade. Tudo tem o seu tempo certo, não podemos violentar a inocência das crianças”, afirmou.