Divulgação/MPSP

A manobra para colocar um aliado à frente da ‘Lava Jato Eleitoral’ em SP

12.12.19 19:33

Vago desde a saída do promotor Flávio Turessi, que renunciou no fim de novembro sem denunciar nenhum político em 11 meses, o cargo de promotor da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo deve ficar com outro aliado do procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio.

Assessor de Smanio há três anos, o promotor Fábio Ramazzini Bechara deixou, às pressas, a cadeira de secretário-executivo do Ministério Público paulista na semana passada, para voltar a atuar como promotor e, assim, ficar apto a se candidatar ao posto responsável por investigar as denúncias de caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro feitas por delatores da Lava Jato.

A manobra ocorreu depois que outros dois promotores, Luciana André Jordão Dias e Ricardo Manuel Castro, já haviam se candidatado à vaga. Como o critério de escolha é pela antiguidade na comarca, Bechara foi o indicado por Smanio.  Ainda há prazo para impugnação antes da efetivação dele no cargo.

Bechara era promotor do Tribunal do Júri quando passou a atuar, em 2010, como assessor em cargos administrativos. Teve uma passagem pela Secretaria da Segurança Pública, entre 2013 e 2014, onde trabalhou no centro de inteligência e no grupo gestor de combate ao crime organizado. Antes de voltar à promotoria, cuidava da área de tecnologia da informação e comunicação do MP.

Luciana Dias foi a promotora que denunciou por homicídio culposo, em outubro, seis pessoas, entre líderes de movimento sem-teto e engenheiros da prefeitura, pelo incêndio e desabamento de um prédio que deixou sete mortos no centro de São Paulo, em maio de 2018.

Ricardo Castro é o promotor que investiga algumas das delações da Lava Jato envolvendo agentes públicos e estatais paulistas na área de improbidade administrativa, como o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, e o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB.

Em maio do ano passado, Castro bateu de frente com Smanio, depois que o procurador-geral tentou ficar com o inquérito que investigava repasses de 10,3 milhões de reais ao ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, nas eleições de 2010 e 2014, via caixa 2 da Odebrecht.

Castro conseguiu permanecer com o inquérito que havia sido distribuído a ele e, após investigar a delação, moveu ação contra Alckmin por enriquecimento ilícito em setembro do ano passado. À época, o tucano, que tinha nomeado Smanio procurador-geral em 2016, era candidato a presidente da República.

A Justiça de São Paulo já bloqueou os bens de Alckmin e do ex-secretário Marcos Monteiro, o “M&M” nas planilhas da Odebrecht, apontado como intermediário dos repasses. Nesta semana, o ex-assessor Eduardo de Castro, acusado de ser o recebedor do dinheiro, virou réu.

A mesma denúncia ainda está sob investigação na Promotoria Eleitoral que deve ser assumida por Fábio Bechara, com mandato até março de 2021. Crusoé apurou que existem hoje 25 inquéritos policiais sigilosos tramitando junto à 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que recebeu a maior parte das investigações da Lava Jato que desceram das instâncias superiores, como STF e STJ. A movimentação foi feita depois que o Supremo decidiu que crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, quando ligados ao de caixa 2 para campanha, devem ser processados na Justiça Eleitoral.

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  1. O PT foi um câncer para este país assim como o PSDB está sendo um câncer para o estado de São Paulo. A lava jato está em pleno vapor em todo país só no estado de São Paulo tudo está parado e engavetado. Vergonha para o estado mais desenvolvido do país!!! Eleitores paulistas está mais do que na hora de renovar!!!

  2. Há anos o MP do Estado é um apêndice do Executivo em São Paulo, basta ver o retrospecto dos promotores no combate à corrupção em São Paulo. O pizzaiolo foi nomeado para vigiar a porta do forno. Os tucanos continuarão intocáveis, pois, cooptarão o MP e o Judiciário em todos os níveis e segmentos. Muito triste!

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