Adriano Machado/Crusoé

A ‘ideologia pré-iluminista’ que Weintraub deixa como herança no MEC

21.06.20 08:02

Entre os prejuízos que Abraham Weintraub deixou após sua passagem pelo Ministério da Educação, um dos mais danosos, na avaliação de especialistas, foi a criação de um clima de paranoia nas escolas. Assim que assumiu o cargo, ele passou a defender que pais e alunos denunciassem professores.

Crusoé pediu ao MEC, por meio da Lei de Acesso à Informação, o total de denúncias apresentadas à pasta entre 2018 e 2019, por supostos problemas como doutrinação, “ideologia de gênero” ou casos considerados atentatórios contra a religião dos alunos. Segundo o ministério, esse número saltou de 1.074 para 3.336 no período.

Segundo especialistas, não foram os episódios de doutrinação nas escolas que aumentaram, mas o comportamento de Weintraub estimulou uma cultura de confronto e denuncismo no sistema escolar. Para Afonso Celso Danus Galvão, professor doutor da Universidade Católica de Brasília e especialista em educação, o MEC está dominado por uma “ideologia pré-iluminista”. “Há uma crença conspiratória alimentada pela extrema-direita. Isso é medieval”, critica o especialista.

Embalado por defensores do projeto Escola Sem Partido, Weintraub estimulou esse ambiente de perseguição, que, segundo estudiosos, é nocivo ao sistema educacional. “A escola corresponde à diversidade do Brasil. Há uma variedade de professores com diferentes opiniões e posicionamentos, que vão trabalhar dentro dos preceitos constitucionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação define que professor tem liberdade dentro da sala de aula”, explica Danus Galvão.

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