Adriano Machado/Crusoé

Crise de oxigênio: a cronologia dos pedidos do Amazonas pela ajuda do governo

15.06.21 12:54

Senadores do G7 avaliam que o depoimento do ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo (foto), desmente a versão do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a resposta do governo federal ao estado na crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar, em janeiro deste ano.

À comissão, Pazuello afirmou que recebeu o alerta sobre a chance da falta de insumo na capital manauara somente em 10 de janeiro. O ex-ministro relatou que chegou a conversar com Campêlo por telefone três dias antes, em 7 de janeiro, mas assegurou que o então secretário não tratou do assunto.

Campêlo levou informações adicionais ao colegiado e rebateu o general. O ex-secretário alegou que, no início do dia 7 de janeiro, havia previsão inicial de entrega uma carga de 52 mil metros cúbicos de oxigênio ao estado pela empresa White Martins dois dias depois, em 9 de janeiro.

Sobre oxigênio, especificamente, fiz uma ligação para o [então] ministro Eduardo Pazuello no dia 7 de janeiro, explicando a necessidade de apoio logístico para trazer oxigênio de Belém para Manaus a pedido da White Martins”, narrou, acrescentando que, na sequência, conforme orientação do general, entrou em contato com o Comando Militar da Amazônia para requisitar o suporte.

Mas, após a ligação, conforme Campêlo, houve uma reunião entre a Secretaria e a White Martins. Neste encontro, a pasta teve conhecimento da gravidade do problema. Em meio ao depoimento, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, mencionou uma carta da empresa, datada do mesmo dia, que recomenda “a identificação e aquisição de volumes adicionais ao contrato diretamente de um outro fornecedor que seja capaz de aumentar a disponibilidade do produto em áreas críticas“.

Campêlo alegou que a White Martins redigiu o documento após um pedido dele próprio. O senador Randolfe Rodrigues, então, perguntou quando e a que horas o caso foi relatado ao Ministério da Saúde. O ex-secretário respondeu que o envio da carta à pasta comandada por Eduardo Pazuello ocorreu às 23 horas e 45 minutos do dia 7. “Esse oficio foi enviado em anexo“, disse. “Nós enviamos essa carta pedindo apoio. Foi isso que nós fizemos“, emendou.

Na sequência, Campêlo alegou ter frisado a “preocupação” com o desabastecimento em 10 de janeiro, durante viagem de Pazuello a Manaus. “O ministro, então, marcou uma reunião no dia seguinte para tratar desse assunto pessoalmente com a White Martins. Foi no dia 11, às 8 horas da manhã. O ministro conversou com representantes da White Martins que relataram o problema e pediram apoio logístico“.

A White Martins, então, segundo relatou Campêlo, estabeleceu uma “lista de necessidades“, em reuniões com representantes do governo. A relação, disse o ex-secretário, incluiu uma ponte aérea entre Guarulhos e Manaus para a entrega de oxigênio.

Questionado se o Ministério das Relações Exteriores trabalhou para ajudar a levar oxigênio de outros países para o Amazonas, Campêlo disse que não teve conhecimento de tratativas deste tipo.

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