Portas Abertas

A ‘cristofobia’ e a intolerância religiosa nos países árabes do Oriente Médio

22.09.20 20:40

Em seu discurso nesta terça-feira, 22, no plenário da Assembleia Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro usou o termo cristofobia. “Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia”, disse.

Em geral, entidades de direitos humanos não costumam usar a expressão, que ao pé da letra significa uma aversão à figura de Jesus Cristo. Para falar da reação negativa aos cristãos, os termos mais usados são extremismo religioso, perseguição ou intolerância religiosa.

Na transcrição oficial do discurso de Jair Bolsonaro, a palavra “cristofobia” aparece a dois parágrafos de distância de sua citação aos acordos de paz entre Israel, Emirados Árabes e Bahrein, os quais o presidente chama de amigos do Brasil. “A nova política do Brasil, de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes, converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperança para aquela região”, disse Bolsonaro.

Segundo o ranking anual feito pela ONG Portas Abertas, os dois países árabes citados são considerados de elevada perseguição religiosa a cristãos. Os Emirados Árabes aparecem em 47º lugar na lista dos que mais os perseguem. Lá, muçulmanos que se convertem ao cristianismo podem perder o direito à herança, serem demitidos, forçados a casar ou a trabalhar de graça, segundo a Portas Abertas.

O governo impede que cristãos falem abertamente sobre sua religião e o proselitismo é ilegal. Em Dubai, apenas estrangeiros podem frequentar uma igreja, que fica ao lado de um hospital cristão. Mas sequer há crucifixos na fachada do prédio (foto). O Bahrein vem logo depois, em 59º lugar.

Israel não está no ranking. Quem aparece em 51º lugar são os territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, que estão sob controle da Autoridade Palestina e do grupo terrorista Hamas, respectivamente.

“Em algumas regiões do Oriente Médio citadas por Bolsonaro, a perseguição aos cristãos acontece de forma constante e sistemática”, diz Marco Cruz, secretário-geral da ONG Portas Abertas no Brasil. “Esperamos que a atenção dada a esse assunto na ONU possa suscitar ações para a manutenção e a garantia de liberdades para todos, e que os acordos de paz um dia também possam levar em conta a causa dos cristãos perseguidos.”

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