Alan Santos/PR

A avaliação do embaixador da União Europeia sobre o discurso de Bolsonaro

22.04.21 17:42

O discurso de Jair Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima nesta quinta-feira, 22, agradou o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez (foto), um dos envolvidos nas negociações comerciais entre o bloco europeu e o Mercosul.

“Temos que dar devido o valor às palavras de um presidente em uma área onde muito de seus discursos anteriores não iam nessa mesma direção. Agora ouvimos o Brasil que nós queremos ouvir. Hoje temos que dizer ‘bom, pelo menos chegamos até esse ponto”, diz o diplomata, em entrevista a Crusoé.

No entanto, o gesto não dissipou o ceticismo. “Temos que ver os resultados disso no terreno”, ponderaQuestionado sobre o pedido de recursos feito pelo Brasil para apoiar suas medidas de preservação ambiental, Ybáñez reitera que os europeus querem “primeiro os resultados, depois a cooperação”.

O embaixador lembrou que a sociedade civil e o Congresso também pressionaram Bolsonaro a dar uma mensagem clara do compromisso brasileiro com o meio ambiente. Nas últimas semanas, ele se reuniu com a senadora Kátia Abreu, do Progressistas, presidente da Comissão de Relações Exteriores, e o senador Jaques Wagner, do PT, presidente da Comissão de Meio Ambiente.

“Estamos trabalhando com muitas forças políticas na mesma linha, que tenho a certeza que isso foi o que fez com que, ao final, tenhamos esse discurso do presidente Bolsonaro. Não foram somente os países, como os Estados Unidos,  os membros da União Europeia e outros parceiros que têm levado essas mensagens ao Brasil”, afirmou.

Na visão de Ybáñez, a sinalização política do Planalto pode colaborar para destravar as negociações em Bruxelas sobre o acordo entre União Europeia e Mercosul. Isso porque os europeus disseram ao Brasil que querem assinar uma “declaração complementar” sobre as metas ambientais do acordo, mas os países do bloco ainda não chegaram a um consenso sobre o que pretendem exigir dos sul-americanos.

“Vai ajudar [a destravar]. Uma vez que o presidente Bolsonaro colocou esses compromissos concretos, quando nós chegarmos com as nossas ideias [para a declaração complementar], achamos que vamos ter uma boa receptividade para elas”, diz o embaixador.

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