Agência Senado

A arte da lavagem

10.09.19 13:02

A força-tarefa da Operação Lava Jato diz ter indícios de que Márcio Lobão, filho do ex-ministro Edison Lobão (foto), lavou dinheiro de propinas da Odebrecht com a compra e venda de obras de arte em parceria com a galeria Almeida & Dale, de São Paulo. O esquema inspirou o nome da Operação Galeria, 65ª fase da Lava Jato realizada nesta terça-feira, 10. A galeria foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Márcio foi preso preventivamente.

“As investigações apontam indícios de que Márcio Lobão solicitou e efetivamente recebeu o montante de 500 mil reais em espécie, valor esse que utilizou para adquirir a obra de arte de Beatriz Milhazes A Serpente e o Pássaro”, diz trecho do pedido de prisão do MPF, em relação a uma das operações para ocultar o recebimento de propina da empreiteira.

A compra se deu em duas etapas, segundo os responsáveis pela operação. Em um primeiro momento, o filho de Lobão forneceu os valores em espécie para a galeria. Como contrapartida, a Almeida & Dale entregou cheques não nominais para Lobão, que foram usados na aquisição de A Serpente e o Pássaro.

A galeria também comprou obras de arte a preços sobrevalorizados do filho do ex-ministro. Assim, Márcio tornou-se proprietário de uma obra de Milton Dacosta por 45 mil reais, e menos de cinco anos depois, a vendeu para a Almeida & Dale por 850 mil reais, o que resultou em uma valorização de 1.788,89%. Uma pintura de Nicolau Facchinetti foi adquirida por Lobão por 120 mil reais e vendida para a galeria por 500 mil reais.

O MPF ainda cita mais dois exemplos cuja dinâmica foi a mesma e envolveu obras de Ivan Serpa e Iran do Espírito Santo. Os procuradores detectaram “aparentes sobrevalorizações das obras de arte (respectivamente 1.788,89% e 297,81%)”.

A Almeida & Dale já havia sido citada anteriormente na Lava Jato. Segundo a Receita Federal, a galeria repassou valores para a conta de empresas de operadores financeiros investigados, como a doleira Nelma Kodama, presa na primeira fase da operação.

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